A cidade de Campo Grande enfrenta novamente um cenário de alerta na saúde pública. Neste sábado, a Prefeitura decretou situação de emergência por 90 dias, em resposta ao aumento expressivo dos casos de síndrome respiratória aguda e à grave falta de leitos na rede pública. A decisão foi tomada após reunião emergencial do COE, o Centro de Operações de Emergência para Doenças Respiratórias e Arboviroses.

A situação atual relembra abril de 2024, quando o município também declarou emergência, mas, naquele momento, o foco era a falta de leitos pediátricos. Desta vez, a crise se agrava ainda mais, e o decreto foi formalizado em edição extra do Diogrande, o Diário Oficial de Campo Grande. Dados atualizados da Secretaria Estadual de Saúde apontam que só em 2025, Mato Grosso do Sul já contabilizou 1.940 internações por síndrome respiratória aguda grave e, infelizmente, 27 mortes decorrentes da doença, um número que acende um alerta máximo entre as autoridades.

Durante o encontro que definiu a medida, ficou claro que a rede privada de saúde também enfrenta limitações: nenhum hospital particular possui vagas disponíveis ou capacidade para ampliar a oferta de leitos, principalmente de UTI pediátrica. Diante disso, a Secretaria Municipal de Saúde, liderada por Rosana Leite, anunciou estratégias emergenciais para dar vazão à demanda.

Entre as ações, está a transferência de crianças internadas no Pronto Atendimento Infantil do Bairro Tiradentes para as UPAs Universitário e Coronel Antonino, duas unidades que funcionam 24 horas e que possuem estrutura adequada para esse tipo de atendimento. A mudança rompe a atual regra do Ministério da Saúde, que recomenda transferências hospitalares após 24 horas de internação em unidades de urgência, mas foi considerada essencial para evitar colapsos. As UPAs e o Pronto Atendimento funcionarão de maneira integrada, transferindo pacientes que necessitem de observação prolongada, mesmo sem gravidade extrema.

O plano de contingência traçado transforma o Pronto Atendimento Infantil em referência para os casos mais graves de internação pediátrica em Campo Grande. Com uma estrutura robusta, a unidade conta com pediatras 24 horas, fisioterapeutas, nutricionistas e equipamentos modernos de suporte à vida, o que assegura atendimento especializado às crianças que enfrentam complicações respiratórias mais severas. Rosana Leite destacou que, após análise dos dados, ficou comprovado que a qualidade de atendimento na unidade garante melhores desfechos clínicos, motivo pelo qual os casos críticos serão priorizados ali.

A estratégia visa não apenas salvar vidas, mas também minimizar o sofrimento das famílias, garantindo que as crianças recebam o melhor tratamento possível em um cenário de extrema dificuldade, onde a falta de leitos hospitalares se tornou um desafio diário para médicos e gestores.

O panorama para as próximas semanas é ainda mais preocupante. Estudos da Fundação Oswaldo Cruz indicam que o número de casos de síndrome respiratória aguda grave deve aumentar em Campo Grande e em todo Mato Grosso do Sul entre as próximas quatro a seis semanas. Como resposta a essa previsão sombria, a Secretaria Estadual de Saúde, sob comando de Maurício Simões, articula a abertura de dez novos leitos em cidades do interior, com foco em Três Lagoas, como forma de aliviar a sobrecarga da Capital.

Além disso, uma importante medida de prevenção foi anunciada: a vacinação contra a gripe, que até então era restrita a grupos prioritários, será liberada para toda a população a partir deste domingo (27). A expectativa é que, com a imunização em massa, seja possível reduzir os casos de infecção respiratória e, consequentemente, a pressão sobre o já frágil sistema de saúde de Campo Grande. A orientação é clara: vacinar-se é um ato de proteção coletiva e essencial neste momento crítico.