A cidade de Sidrolândia, localizada a pouco mais de 70 quilômetros de Campo Grande, amanheceu nesta quinta-feira (5) sob intensa mobilização policial. O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), em parceria com a 3ª Promotoria de Justiça da comarca local e o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), deflagrou a quarta fase da Operação Tromper. A ofensiva é parte das investigações que miram uma organização criminosa acusada de fraudar processos licitatórios e contratos públicos milionários firmados com a prefeitura do município.
A nova etapa da operação contou com o apoio de diversas forças de segurança, entre elas o Batalhão de Choque, a Força Tática da Polícia Militar e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Ao todo, foram cumpridos três mandados de prisão e 29 de busca e apreensão. Segundo o Ministério Público, as apurações apontam que agentes públicos teriam recebido altas quantias em propina, praticando ainda crimes como lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
Conforme detalhado pela investigação, a quadrilha mantinha contratos fraudulentos com empresas do setor de engenharia e pavimentação asfáltica, movimentando cifras milionárias. Mesmo após fases anteriores da operação e a adoção de medidas cautelares, o grupo criminoso teria continuado suas atividades ilícitas. Os contratos sob análise somam mais de R$ 20 milhões, valor que supera os R$ 15 milhões inicialmente apurados quando da prisão do ex-vereador Claudinho Serra, um dos principais alvos da operação.
Desde maio de 2023, quando a Operação Tromper foi deflagrada pela primeira vez, o Ministério Público vem desmantelando o esquema que, segundo as investigações, estaria em funcionamento desde 2017. Na primeira fase, 16 mandados foram cumpridos em Sidrolândia, tendo como alvos servidores públicos suspeitos de envolvimento com corrupção, falsidade ideológica, peculato, sonegação fiscal e associação criminosa.
Na segunda fase da operação, realizada em julho de 2023, outros quatro mandados de prisão e cinco de busca e apreensão foram executados. Entre os detidos estavam dois empresários e dois servidores da prefeitura. Um deles, Tiago Basso da Silva, era chefe do setor de execução e fiscalização de contratos. O outro, César Bertoldo, atuava na área de licitações. Também foram presos os empresários Uevertom da Silva Macedo, ex-candidato do PSD, e Roberto da Conceição Valençuela, proprietário da R&C Comércio e Serviços.
Já a terceira fase, realizada em abril de 2024, teve como destaque a prisão do vereador Claudinho Serra (PSDB), genro da prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo. Na ocasião, foram cumpridos oito mandados de prisão e 28 de busca e apreensão. Claudinho foi detido em sua residência, localizada no luxuoso condomínio Damha III, em Campo Grande. À época, os contratos suspeitos já somavam R$ 15 milhões.
Apesar da gravidade das denúncias, Claudinho continuava oficialmente como vereador na Câmara Municipal de Campo Grande até outubro de 2024. Desde abril, ele não comparece às sessões, utilizando atestados médicos sequenciais para justificar suas ausências. Com o vencimento do último atestado no dia 12 daquele mês, ele acumulou oito faltas não justificadas e corre o risco de ter o mandato cassado. Atualmente, o vereador responde ao processo em liberdade, mas é monitorado por tornozeleira eletrônica.
Em nota à imprensa, a prefeita Vanda Camilo afirmou estar acompanhando os desdobramentos da operação e reforçou seu compromisso com a legalidade, a integridade e a transparência da gestão pública em Sidrolândia.
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